Tokenização: Como inovações perturbam velhos oligopólios

Em 1942, o economista Joseph Schumpeter cunhou o termo “destruição criativa” para descrever como inovações revolucionárias derrubam modelos antigos, abrindo espaço para novos sistemas mais eficientes. Hoje, a tokenização de ativos representa exatamente esse fenômeno no mercado financeiro. A ideia é simples, mas poderosa: transformar direitos sobre imóveis, ações, títulos de crédito e até recebíveis futuros em tokens digitais negociáveis em blockchain. Isso não apenas acelera transações, mas também democratiza o acesso a investimentos e crédito, reduzindo intermediários e custos. O Fim dos Intermediários? Os bancos sempre foram a porta de entrada para acessar linhas de crédito. Para um pequeno empresário obter um empréstimo, é necessário enfrentar burocracia, taxas abusivas e a lentidão de um sistema que pouco evoluiu desde a era dos pranchetas e disquetes. Mas e se ativos – de imóveis a recebíveis – pudessem ser convertidos em tokens digitais, negociáveis em blockchains, sem a intermediação de um banco? A tokenização promete exatamente isso: desmontar o monopólio bancário sobre o crédito, assim como a Amazon desmontou o das livrarias e o Spotify o das gravadoras. E o Brasil, ironicamente, está na vanguarda dessa revolução com o DREX, o real digital programável do Banco Central. Por que isso importa? A genialidade da tokenização está em sua simplicidade. Imagine: Isso não é ficção. Empresas como JP Morgan, Tesla e Siemens já emitiram títulos tokenizados, e o DREX permitirá que o Brasil faça o mesmo em escala nacional e com previsão de começar a rodar já em 2026. O DREX Como Cavalo de Troia O projeto do Banco Central parece, à primeira vista, apenas uma moeda digital. Mas sua verdadeira inovação está na programabilidade. Com o DREX: É uma estratégia astuta: em vez de competir com bancos, o BC está criando a infraestrutura que os tornará obsoletos. Os Obstáculos Schumpeterianos Claro, toda revolução enfrenta resistência: Bancos não vão sair de cena sem lutar. Eles ainda controlam a liquidez e a regulamentação. Governos hesitam em abrir mão do controle. A China já proibiu criptomoedas, e o Ocidente regula com cautela, mas também muita relutância. Fraudes e golpes ainda assombram o setor, como mostram os colapsos da FTX e da ByBit. Mas a história econômica ensina: tecnologias que cortam custos e ampliam acesso acabam vencendo. A indústria fonográfica tentou processar o Napster, mas o Spotify acabou com ela. Os bancos podem resistir, mas a tokenização é inevitável. O Novo Mercado de Capitais A tokenização não é apenas uma moda tecnológica – é uma reengenharia do sistema financeiro, eliminando intermediários e reduzindo desigualdades no acesso ao capital democratizando e tornando o dinheiro acessível. A tokenização não vai acabar com os bancos – mas vai forçá-los a se adaptar ou virar relíquia. O DREX é apenas o começo. Em uma década, pegar um empréstimo pode ser tão simples quanto escolher um filme na Netflix ou chamar um Uber. E os grandes perdedores? Aqueles que ainda acreditam que o futuro do crédito será parecido com o do passado.